É já no próximo domingo, dia 14 de Abril, que decorrerá a Festa Grande - procissão da Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana), padroeira da cidade de Loulé.
Esta é uma procissão diferente das habituais e que eu gosto particularmente. A minha mãe costumava participar e era sempre um dia muito reconfortante para ela. E é reconfortante para mim, hoje em dia, lembrar-me desses dias e da minha mãe a "correr" entre a multidão que participava na procissão.
A Festa Grande, como é conhecida, acontece quinze dias depois da Páscoa e consiste em levar a figura da Mãe Soberana de volta à capela da Nossa Senhora da Piedade - no domingo de Páscoa a imagem da Santa desceu até à igreja de S. Francisco (Festa Pequena).
Esta capela fica no cimo de um cerro, sendo o percurso até lá acima muito ingreme. Neste dia, um grupo de homens carrega a imagem da Santa num andor e, em passo de corrida, vão subindo o caminho até à Capela. Os peregrinos que acompanham a procissão, vão atrás, em passo de corrida também, de braços dados, num momento de união e entreajuda em que, mesmo desconhecidos, partilham a mesma devoção. No mesmo ritmo, a Banda Filarmónica, vai acompanhando com a sua música. É uma prova de fé e um grande esforço conjunto, em que se vão "empurrando" e ajudando uns aos outros e aos homens que levam o pesado andor.
As festividades não se ficam só pela procissão. A Festa Grande começa no dia 11 de Abril até ao dia 14 e conta com vários eventos distintos, com a celebração de missas, entre outros, "com o tempo de louvor e saudação à Nossa Senhora da Piedade". A procissão inicia-se nas ruas da cidade e só depois prossegue para a capela.
Nos restantes dias do ano, este é um local que gosto muito de visitar. Além de ser um excelente miradouro, sobre a cidade e o mar, transmite-nos uma calma e serenidade que poucos locais o conseguem. Sempre ouvi uma história associada à localização da capela que, acredite-se ou não, é muito interessante. A igreja era inicialmente para ser erguida noutro local. Mas, no final do dia de trabalho, os trabalhadores deixavam as suas ferramentas no lugar onde a estavam a construir e, no dia seguinte as ferramentas estavam noutro sítio, no cimo do cerro. Isto dia após dia, em que as ferramentas eram deixadas num local e apareciam sempre no outro. Até que acabaram por perceber que a Santa não queria a sua capela naquele sítio, mas sim no lugar onde todos os dias apareciam as suas ferramentas. Quando decidiram começar a construir a capela no cume do cerro, as ferramentas já não voltaram a desaparecer e a construção continuou sem qualquer problema, sendo a capela erguida no local onde ainda hoje está.
Sem comentários:
Enviar um comentário