quinta-feira, 16 de maio de 2013

Janela para MEC

Gostei muito do regresso do Miguel Esteves Cardoso (MEC). À semelhança de muitos, li e reli muitas das crónicas que escreveu enquanto a sua mulher, o amor da sua vida, lutava contra um cancro. Muitas fizeram-me ficar com um nó na garganta enquanto as lia, parecia que conhecia aquela pessoa e que, com ele, partilhava aquela dor. Percebia-se a intensidade daquele amor e o quanto sofria com o medo da perda, com a impotência perante esta doença. Essas crónicas deram lugar a um livro "Como é Linda a Puta da Vida".

 
 MEC é mais conhecido como cronista do que como escritor de romances, com um pensamento brilhante e até, na minha opinião, invulgar, irreverente. O seu primeiro romance foi publicado em 1994 "O Amor é Fodido" foi um best-seller e continua a ser um dos mais conhecidos e comentados, possivelmente pelo seu título. Mas além deste, foram várias as suas publicações, quer de livros quer de crónicas em jornais como o Expresso e o Público.
 
Ficou também conhecido na televisão, onde participou, por exemplo, num programa que eu via sempre e que tenho pena que tivesse acabado: A Noite da Má Língua na SIC, moderado pela Júlia Pinheiro.

MEC regressou agora à esfera pública, com a publicação do seu mais recente livro de crónicas, e além deste, foram publicados mais quatro, novas edições dos seus livros A Causa das Coisas, O Amor é fodido, Os meus problemas e Explicações de Português explicadas outra vez, da Porto Editora.
 
 
Muitas das crónicas que compõem o livro Como é Linda a Puta da Vida, são as escritas durante o período de luta contra o cancro da sua mulher, Maria João Pinheiro, no Jornal Público, uma história que felizmente teve um final feliz. Assim como felizes pareciam aquando do lançamento do seu livro. "Quando se ama não é difícil partilhar o que se sente, em especial quando há a sorte de se ter alguém assim ao nosso lado. Levou muito tempo a conhecê-la e as pessoas têm de ter paciência nas suas relações." *
 
Termino com um excerto da sua crónica de 29/04/2012 no Público, onde falava abertamente do cancro da sua mulher:
 
"Às vezes encontramo-nos com a cabeça nas mãos. Tudo o que poderia ter corrido bem correu mal. O mundo, que era igual à vida, afasta-se de repente. (...) Vai morrer o meu amor. Não vai. Como o meu amor por ela, nunca há-de morrer. As coisas acontecem sem acontecer o pensamento nelas. A alma, o coração e a cabeça são coisas diferentes. Que se dão bem. E são amigas. E deixam de ser quando morrem."
 
 
* Retirado de http://caras.sapo.pt

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